sábado, 12 de abril de 2014

Ansiedade: ganhe a briga contra sua inimiga nº1

Ela faz parte da minha, da sua e da vida de boa parte das mulheres. Mas nem por isso a gente precisa se acostumar com ela. Conheça sua ansiedade para não deixar que ela contamine a sua autoestima e atrapalhe a sua felicidade

Por que sofremos de ansiedade?

Ansiedade. A palavra vira e mexe aparece na conversa quando você está agitada, tensa, com mil pepinos para resolver e na expectativa de alguma coisa que pode não sair do jeito que quer. Também é comum tratá-la como se fosse o mesmo que stress ou nervosismo. Sentir-se assim de vez em quando é humano e não significa que você está doente. “A ansiedade saudável é uma reação normal do cérebro para ajudar você a reconhecer desafios e resolvê-los”, define a psicóloga Angelita Corrêa Scardua, de Vitória. Antes de uma entrevista de emprego, de um encontro com um cara interessante ou depois de ter um bebê e se perguntar “e agora?”, sentir aquele frio na barriga é o que ajuda você a fazer o melhor que pode para se adaptar à situação, em vez de fugir dela. O problema é quando a sensação persiste, apresenta sintomas físicos, como palpitações e tensão muscular e passa a prejudicar a rotina, o trabalho e os relacionamentos. Aí, você precisa de ajuda. “A ansiedade patológica (também chamada de transtorno de ansiedade generalizada) é um estado de preocupação constante, de medo desproporcional ao desafio que está diante de você. Daí, vem a sensação de que você não tem controle da situação e de que vai dar tudo errado”, fala Angelita Scardua. Ela é capaz de fazer você ligar em cima da hora para desmarcar a entrevista ou o encontro com o gato e, se não tratada, pode desencadear depressão e síndrome do pânico, que é a ansiedade em intensidade máxima.
Tempos modernos
A vida de hoje, lotada de estímulos e cobranças por todos os lados, é um convite à ansiedade. Pelas estimativas da Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 20% da população sofre dela em algum grau – e esse número só cresce. “A valorização da pressa e do consumo nos faz criar novas necessidades todos os dias”, analisa o psicólogo Julio Peres, de São Paulo. “Elas criam uma falsa promessa de bem-estar e de conforto que acaba fazendo você deixar de olhar para suas angústias, os seus desejos verdadeiros e o que realmente faz sentido na vida.” Em outras palavras, você se distancia de si mesma e da própria força para enfrentar os desafios que aparecem, fica insegura e abre espaço para o fantasma da ansiedade se aproximar.
Ainda tem a febre da tecnologia, que derrubou a barreira entre trabalho e vida privada e instalou na nossa mente a ideia de que podemos – e devemos – estar em vários lugares ao mesmo tempo, ter mais amigos (ainda que virtuais) do que a vizinha, saber primeiro da última novidade hi-tech (e comprar também)... Haja pressão.
Presa fácil
Quantos homens ansiosos você conhece? As chances de o número ser bem menor do que o de mulheres é grande, pois somos mesmo presas em potencial dessa inimiga. A explicação é cultural: com uma lista de afazeres cada vez mais extensa – trabalhar, cuidar da casa, dos filhos, malhar, ficar bonita, sair com as amigas, dar carinho para o parceiro e, claro, ser excelente em tudo –, a gente precisa se policiar para não ficar à beira de um ataque de nervos nem ser dominada pelo medo de fracassar. Para piorar, somos menos práticas e mais vulneráveis a ruminar os problemas e as dúvidas em vez de resolvê-los.
Mas também há a armadilha biológica, que contribui para que a doença seja subestimada. Como a gente está acostumada com o rótulo de ansiosa pelo fato de ser mulher (e passar mensalmente pela TPM, que confunde nossa avaliação do que sentimos e de como nos comportamos), muitas vezes acaba adiando a busca por uma solução definitiva.

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